sexta-feira, 24 de junho de 2011

Qual a maneira certa de escovar os dentes?



Uma escovação adequada deve durar, no mínimo, dois minutos, isto é, 120 segundos! A maioria dos adultos não chegam nem próximos a este tempo. Para ter uma idéia do tempo necessário para uma boa escovação, use um relógio na próxima vez que escovar os dentes. Escove-os com movimentos suaves e curtos, com especial atenção para a margem gengival, para os dentes posteriores, difíceis de alcançar e para as áreas situadas ao redor de restaurações e coroas. Concentre-se na limpeza de cada setor da boca, da seguinte maneira:
  • Escove as superfícies voltadas para a bochecha dos dentes superiores e, depois, dos inferiores.
  • Escove as superfícies internas dos dentes superiores e, depois, dos inferiores.
  • Em seguida, escove as superfícies de mastigação.
  • Para ter hálito puro, escove também a língua, local onde muitas bactérias ficam alojadas.
Segure a escova em um ângulo de 45 graus e escove com movimentos que vão da gengiva à ponta dos dentes.
Com suaves movimentos circulares, escove a face voltada para a bochecha e a face interna dos dentes, e a superfície usada para mastigar.
Com movimentos suaves, escove também a língua para remover bactérias e purificar o hálito.

Que tipo de escova dental devo usar?

A maioria dos dentistas concorda que a escova dental de cerdas macias é a melhor para a remoção da placa bacteriana e dos resíduos de alimentos. As escovas com cabeças menores também são mais adequadas, porque alcançam melhor todas regiões da boca, como, por exemplo, os dentes posteriores, mais difíceis de alcançar. Muitos escolhem a escova elétrica como a melhor alternativa, pois ela limpa com maior facilidade e é particularmente indicada para pessoas que têm dificuldade para higiene bucal ou tem menor destreza manual.

Qual a importância do creme dental na escovação?

É importante que você use o creme dental mais adequado para você. Atualmente existe uma grande variedade de produtos feitos especialmente para combater cáries, gengivite ,tártaro, manchas e sensibilidade. Pergunte ao seu dentista qual o tipo de creme dental mais adequado. Para encontrar o creme dental Colgate correto para você, clique aqui.

Quando devo trocar minha escova dental?

Troque sua escova de dentes a cada três meses ou quando perceber que ela começa a ficar desgastada. Além disso, é muito importante trocar de escova depois de uma gripe ou resfriado para diminuir o risco de nova infecção por meio dos germes que aderem às cerdas.
* Artigo fornecido pela Colgate-Palmolive. Copyright 2008 Colgate-Palmolive. Todos os direitos reservados

domingo, 12 de junho de 2011

Aprender a Estudar - Um Guia Para o Sucesso na Escola


 
  INTRODUÇÃO....................................................................6

«Os alunos não sabem estudar!»—ouve-se, com frequência, nas nossas escolas.
Mostra a experiência que muitos estudantes, apesar da sua capacidade e do seu esforço, acabam por ter insucesso, pois trabalham sem método ou com métodos inadequados.
Como qualquer outra actividade humana, o estudo exige o domínio de técnicas especificas. Sem elas, o esforço é ineficaz. Daí a necessidade de  Este manual prático de  hábitos de trabalho, individual e em grupo, e surge dentro do espirito reformador
de Bases do Sistema Educativo explicações mais teóricas. Que os académicos perdoem o atrevimento!
Apresentamos regras gerais orientadoras que deverão ser adaptadas consoante as capacidades do estudante, os objectivos, o tempo disponível e o tipo de disciplina.
Nenhum método é ideal para todas as pessoas.
estudantes, sobretudo do ensino secundário, interessados em melhorar a eficiência do seu trabalho. É dirigido também aos pais preocupados com o rendimento escolar dos seus filhos e aos professores empenhados em facilitar a aprendizagem aos seus alunos.
Este guia é dirigido, em primeiro lugar, aos
António Estanqueiro



 


CAP 2.
A GESTÃO DO TEMPO ..................................................9
1.1 As horas mais rentáveis ................................................................................................................10
1.2 Pausas no trabalho ........................................................................................................................10
1.2.1 Fazer intervalos.....................................................................................................................10
1.2.2 Mudar de assunto...................................................................................................................11
2 A eficácia de um horário........................................................................................................11
2.1 Exercício de autodisciplina...........................................................................................................11
2.2 Segurança contra imprevistos .......................................................................................................12
3 Ocupações extra-escolares.....................................................................................................12
Síntese ..........................................................................................................................................13
CAP 3.
A ATITUDE PSICOLÓGICA DO ESTUDANTE .14
Sumario ........................................................................................................................................14
1 Motivação ................................................................................................................................15
1.1 A força da motivação....................................................................................................................15
1.1.1 Acelerador da aprendizagem .................................................................................................15
1.1.2 Travão do esquecimento ........................................................................................................15
1.2 Os reforços do interesse................................................................................................................16
1.2.1 Castigos e prémios dos educadores........................................................................................16
1.2.2 Estímulos criados pelo estudante...........................................................................................16
1.2.3 Pensar no futuro.....................................................................................................................16
2 Autoconfiança ..........................................................................................................................17
2.1 0 medo do fracasso .......................................................................................................................17
2.2 A construção da confiança............................................................................................................18
2.2.1 Lembrar resultados positivos .................................................................................................18
2.2.2 Acreditar no sucesso ..............................................................................................................18
3 Persistência ...............................................................................................................................18
3.1 Seguir o curso adequado...............................................................................................................19
3.2 Não desistir cedo demais ..............................................................................................................19
Síntese ..........................................................................................................................................20
CAP 4.
APRENDIZAGEM E MEMÓRIA ..............................21
Sumário ........................................................................................................................................21
1 Captação ...................................................................................................................................21
1.1 Compreender ...............................................................................................................................22
1.2 Organizar .....................................................................................................................................22
1.3 Relacionar....................................................................................................................................23
2 Auto-avaliação .........................................................................................................................24
2.1 Medir a aprendizagem ..................................................................................................................24
2.2 Orientar o estudo ..........................................................................................................................24
3 Revisão .....................................................................................................................................25
3.1 0 fenómeno do esquecimento .......................................................................................................25
3.1.1 As interferências ....................................................................................................................26
3.1.2 As motivações do indivíduo ..................................................................................................26
3.2 Como refrescar a memória............................................................................................................26
3.2.1 Número de revisões ...............................................................................................................27
3.2.2 Processos de revisão ..............................................................................................................27
Síntese ..........................................................................................................................................28
CAP 5.
AS AULAS ...........................................................................29
Sumário ........................................................................................................................................29
1 Assiduidade ..............................................................................................................................29
1.1 0 rendimento escolar.....................................................................................................................30
1.2 A atitude do professor...................................................................................................................30
2 Preparação das aulas ...............................................................................................................30
2.1 O material de trabalho ..................................................................................................................30
2.2 Os assuntos da lição......................................................................................................................31
3 Saber escutar............................................................................................................................31
3.1 A atenção .....................................................................................................................................32
3.2 A descoberta do essencial.............................................................................................................32
3.2.1 Conhecer o método do professor ...........................................................................................32
3.2.2 Interpretar bem as palavras ....................................................................................................33
3.2.3 Ouvir até ao fim .....................................................................................................................33
3.3 O espírito crítico ...........................................................................................................................33
4 Participação ..............................................................................................................................34
4.1 Fazer perguntas............................................................................................................................34
4.1.1 Perguntas interessadas ...........................................................................................................35
4.1.2 Perguntas concretas ...............................................................................................................35
4.1.3 Perguntas oportunas...............................................................................................................35
4.2 Intervir nos debates.......................................................................................................................35
5 Apontamentos ..........................................................................................................................36
5.1 Seleccionar ..................................................................................................................................36
5.2 Usar abreviaturas ..........................................................................................................................37
5.3 Aperfeiçoar em casa .....................................................................................................................38
Síntese ..........................................................................................................................................38
CAP 6.
TRABALHO EM GRUPO .............................................40
Sumário ........................................................................................................................................40
1 A escolha dos colegas.............................................................................................................41
1.1 Amigos ........................................................................................................................................41
1.2 Motivados ....................................................................................................................................41
1.3 Responsáveis ...............................................................................................................................42
2 A realização do trabalho ........................................................................................................42
2.1 Definir objectivos .........................................................................................................................42
2.2 Distribuir tarefas ...........................................................................................................................42
2.3 Estabelecer regras .........................................................................................................................43
3 A liderança......................................................................................................................................43
3.1 Funções do líder...........................................................................................................................43
3.2 Estilos de chefia...........................................................................................................................44
4 Relações humanas ...................................................................................................................44
4.1 Escutar os outros..........................................................................................................................45
4.2 Ter autodomínio ...........................................................................................................................45
4.3 Ser tolerante.................................................................................................................................45
4.4 Corrigir sem ofender.....................................................................................................................45
4.5 Oferecer elogios...........................................................................................................................45
4.6 Usar o bom humor ........................................................................................................................46
5 O êxito dos grupos ..................................................................................................................46
5.1 0 rendimento intelectual ...............................................................................................................46
5.2 A formação da personalidade .......................................................................................................46
Síntese ..........................................................................................................................................47
CAP 7.
A LEITURA ATIVA .....................................................48
Sumário ........................................................................................................................................48
1 Como conhecer um livro........................................................................................................48
2 Etapas na leitura.......................................................................................................................49
2.1 Ler «por alto» ...............................................................................................................................49
2.2 Ler «em profundidade».................................................................................................................49
3 Processos de leitura activa .....................................................................................................50
3.1 Consultar o dicionário...................................................................................................................50
3.2 Sublinhar......................................................................................................................................50
3.3 Fazer anotações............................................................................................................................51
3.4 Tirar apontamentos .......................................................................................................................51
3.4.1 Transcrições..........................................................................................................................51
3.4.2 Esquemas ...............................................................................................................................52
3.4.3 Resumos................................................................................................................................52
4 Velocidade e rendimento .......................................................................................................53
4.l A vantagem do leitor rápido ..........................................................................................................53
4.2 Como acelerar o ritmo de leitura ..................................................................................................54
Síntese ..........................................................................................................................................55
CAP 8.
A ELABORAÇÃO DE UM TRABALHO ................56
Sumário ........................................................................................................................................56
1 O tema.......................................................................................................................................57
2 A recolha de informações ......................................................................................................57
3 O plano .....................................................................................................................................58
3.1 Filtragem......................................................................................................................................58
3.2 Ordenação....................................................................................................................................58
4 A redação ...............................................................................................................................59
4.1 Partes do texto ..............................................................................................................................59
4.2 Citações .......................................................................................................................................59
4.2.1 Recorrer a autoridades ...........................................................................................................60
4.2.2 Transcrever com fidelidade ...................................................................................................60
4.2.3 Identificar a fonte...................................................................................................................60
4.3 Bibliografia..................................................................................................................................61
5 A apresentação do trabalho ...................................................................................................62
Síntese ..........................................................................................................................................63
CAP 9.
REGRAS DA ESCRITA .................................................64
Sumário ........................................................................................................................................64
1 O estilo......................................................................................................................................65
1.1 Palavras familiares.......................................................................................................................65
1.2 Expressões sóbrias........................................................................................................................65
1.2.1 Poupar qualificativos .............................................................................................................66
1.2.2 Ser directo.............................................................................................................................66
1.3 Frases curtas ................................................................................................................................66
1.4 Ligações coerentes.......................................................................................................................66
2 A pontuação ..............................................................................................................................67
3 A ortografia..............................................................................................................................68
3.1 Eliminação e troca de letras ..........................................................................................................68
3.2 Troca de palavras homófonas .......................................................................................................69
3.3 Confusões nos verbos ...................................................................................................................70
4 A aprendizagem da escrita.....................................................................................................70
4.1 Ler bons autores...........................................................................................................................71
4.2 Conhecer a gramática ...................................................................................................................71
4.3 Treinar .........................................................................................................................................71
Síntese ..........................................................................................................................................71
CAP 10.
PROVAS DE AVALIAÇÃO ....................................73
Sumário ........................................................................................................................................73
1 A preparação............................................................................................................................74
1.1 O estudo «à última hora»..............................................................................................................74
1.1.2 Confusões ..............................................................................................................................74
1.1.3 Medo.....................................................................................................................................75
1.2 A revisão final ..............................................................................................................................75
1.3 O treino para os testes .........................................................................................................75
1.3.1 Imaginar perguntas ................................................................................................................75
1.3.2 Resolver testes antigos...........................................................................................................76
2 A realização das provas..........................................................................................................76
2.1 Como responder nas provas escritas ................................................................................76
2.1.1 Ler o enunciado todo .............................................................................................................76
2.1.2 Distribuir o tempo..................................................................................................................76
2.1 3 Perceber o sentido das perguntas ...........................................................................................77
2.1.4 Fazer uma lista de tópicos......................................................................................................77
2.1.6 Não escrever coisas incertas ..................................................................................................78
2.1.7 Cuidar as opiniões pessoais ...................................................................................................78
2.2 Cábulas: sim ou não?...........................................................................................................79
2.3 A questão da caligrafia........................................................................................................79
2.4 Como responder nas provas orais .....................................................................................80
2.4.1 Pedir esclarecimentos ............................................................................................................80
2.4.2 Desviar-se das dificuldades ...................................................................................................80
2.4.3 Fugir à polémica....................................................................................................................80
3 A reacção às notas...................................................................................................................81
3.1 Assumir as responsabilidades............................................................................................81
3.2 Aprender com os erros ........................................................................................................81
Síntese ..........................................................................................................................................82

Urânio entre o caos e o silêncio

Notícia - 19 - mai - 2011
Carregamento de toneladas de urânio aguarda há cinco dias um posicionamento oficial para finalmente encontrar um destino seguro, em um claro descaso das autoridades com a segurança da população.

População de Guanambi aguarda apreensiva uma definição sobre o carregamento de urânio. Policiamento é alto na região e o clima é de tensão. Greenpeace / Lunaé Parracho
O circo está armado nas cidades de Guanambi e Caetité, municípios do interior da Bahia, onde graças ao descaso das autoridades do programa nuclear brasileiro, há cinco dias, um carregamento de cerca de 100 toneladas de urânio estocados em nove caminhões está parado em um batalhão de polícia, a céu aberto. Há dúvidas sérias sobre os níveis de radiação medidos próximos ao comboio e autoridades locais já receberam ameaça de morte. Enquanto isto, silêncio total das autoridades responsáveis. O Greenpeace pede um pronunciamento oficial do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)
A população de ambas as cidades rejeita o material, que viajou por cerca de 1500 km de São Paulo sem que sequer uma autorização de transporte oficial tenha sido apresentada.
Representantes de segundo escalão da CNEN, órgão regulador do setor nuclear ligado ao MCT, e da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa responsável pela mineração de urânio na cidade de Caetité, estiveram ontem no local. Realizaram medição de radiação, mostraram-se tranquilos quanto ao resultado e fizeram até piada com o assunto.
A mesma medição foi realizada por Gilmar Rocha, liderança da Comissão Pastoral da Terra que há um ano monitora os níveis próximos às minas de urânio. Segundo Rocha, os níveis que mediu próximo ao caminhão estão muito acima do que o já visto próximo à mina de Caetité. Graças às denúncias, padre Osvaldino, importante líder local nas questões relacionadas à mineração, recebeu ameaças de morte.
Assista ao vídeo:

A população de ambas as cidades está nas ruas. Em Guanambi, a concentração aconteceu pela manhã em frente ao batalhão onde aguarda o comboio. Os moradores foram recebidos por reforço policial: grupamento de operação especial, a temida polícia da Caatinga e a polícia rodoviária federal. Em Caetité, o pedido das ruas é o mesmo, a volta dos caminhões carregados de urânio do local de onde vieram. A contar pelo forte policiamento, as próximas horas prometem alta tensão.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, nada disse sobre esta bagunça generalizada. O Greenpeace e a população das duas cidades afetadas pelo descaso do programa nuclear brasileiro pedem este pronunciamento oficial, com respostas às dúvidas que pairam e uma resolução final para o impasse.
“É preciso que haja um entendimento claro sobre, afinal de contas, que carregamento de urânio é este, que há não se sabe quanto tempo esteve em uma área da Marinha em São Paulo, por que veio para Caetité agora, onde estão todos os documentos necessários para este transporte perigoso. Em meio a tantas dúvidas, pedimos que a carga retorne ao seu local de origem e passe por uma inspeção mais apurada lá”, diz Pedro Torres, da Campanha de Clima e Energia

Murphy Atômico (Capa de Carta Capital, ed 638, de 18/03/2011)

 

O impensável se desencadeia em Fukushima e força o mundo a rediscutir a energia nuclear
 

O impensável se desencadeia em Fukushima e força o mundo a rediscutir a energia nuclear 

Nas primeiras horas da crise deflagrada pelo grande terremoto seguido de tsunami no Japão (às 14h46 locais da sexta-feira 11, 2h46 da madrugada em Brasília), ouviu-se e leu-se muito a frase "se fosse no Brasil…", comparando o pequeno número de fatalidades então confirmadas da tragédia, primeiro dezenas, depois centenas, com as quase 900 mortes nos deslizamentos da serra fluminense.
Mas a realidade foi severa para com o afobamento de comentaristas e internautas obcecados em buscar em qualquer notícia, boa ou má, o lado que sirva para justificar posições políticas ou preconceitos. Infelizmente, foi ainda mais implacável para com o povo japonês. À medida que jornalistas e equipes de resgate chegavam ao devastado litoral nordeste, ficou evidente que a tragédia era enormemente maior do que se tinha esperado. Várias pequenas cidades e bairros da costa foram varridos pelo tsunami gerado pelo terremoto de epicentro submarino, sem que se tenha notícia da maior parte de seus habitantes. A contagem oficial de mortos está na casa dos milhares, mas os desaparecidos são provavelmente dezenas de milhares e há 500 mil desabrigados, sofrendo os efeitos das nevascas do rigoroso inverno no norte do Japão e da falta de remédios e alimento.
O terremoto de grau 9,0 na escala Richter, o quarto maior desde 1900, quando os sismógrafos começaram a medi-los, foi demais até para o país mais preparado para enfrentá-los em todo o mundo. Tanto por seus grandes recursos econômicos e tecnológicos quanto por sua vasta experiência: o Japão é epicentro de 20% dos terremotos do mundo e sofreu alguns dos mais mortais da história, como o de 1923 em Tóquio, grau 7,9, que matou 142 mil.
Tudo isso não bastou ante a fúria das placas tectônicas e a maior prova disso é o drama nuclear que se desencadeou no país.- O Japão tinha 17 usinas nucleares, com um total de 55 reatores. Todos os 11 reatores ativos (outros estavam fechados para a manutenção) na área atingida pelo tsunami, em quatro usinas, foram desligados automaticamente, mas isso não impediu o desastre. As águas do tsunami saltaram sobre os diques e invadiram os porões, inutilizando muitos dos geradores a diesel que deveriam sustentar os sistemas emergenciais de refrigeração. Ao mesmo tempo, linhas de transmissão foram destruídas, deixando as instalações sem energia depois que suas baterias de oito horas se esgotaram. Todas as quatro usinas localizadas no litoral nordeste foram afetadas ao mesmo tempo, num tipo inédito de crise.
O único reator de Tokai, a usina mais ao sul e mais próxima de Tóquio (120 quilômetros, a mesma distância do reator de Angra dos Reis ao Rio de Janeiro) sofreu uma interrupção da refrigeração que foi aparentemente controlada. Dos três reatores de Onagawa, a usina mais ao norte e mais moderna, um sofreu um incêndio em suas turbinas e houve um alerta por radiação excessiva no exterior, mas este foi depois atribuído ao vazamento de Fukushima, 150 quilômetros ao sul. Em Fukushima 2 ou Fukushima Daini, três dos quatro reatores tiveram pane nos sistemas de refrigeração, numa crise que parece estar ao menos precariamente administrada, apesar de 30 mil pessoas terem sido avisadas para deixar a área, em um raio de 10 quilômetros.
Mas em Fukushima 1 ou Fukushima Daiichi, 11,5 quilômetros ao norte de Fukushima 2, a situação evoluiu de mal a pior. Dos seis reatores, quatro caminharam inexoravelmente para uma situação crítica, inclusive um dos que estavam desativados antes do terremoto. Seus sistemas de segurança e resfriamento foram danificados pelas explosões nos três primeiros, num efeito dominó. A partir do dia 15, um dos reatores em situação mais grave passou a ser o número 4, um dos que estavam parados para manutenção.
Quem acompanhou a crise nuclear deve ter notado, também nesse caso, o afobamento para adiantar julgamentos apressados dos fatos em razão de diferentes agendas e preconceitos. De um lado, portais sensacionalistas e internautas aterrorizados ou mal-intencionados espalharam pânico. O pior caso foi uma mensagem apócrifa atribuída à BBC, aparentemente originada das Filipinas. Por meio de celulares e redes sociais, "confirmava" o vazamento de radiação e recomendava aos habitantes de toda a Ásia ficar 24 horas dentro de casa se houvesse chuva e esfregar solução de iodo na nuca (um absurdo). Causou pânico e corridas a supermercados das Filipinas ao Paquistão.
De outro lado, os simpatizantes da tecnologia nuclear mostraram pressa excessiva em garantir que não haveria perigo, o problema já estava controlado. Seria de grau 4, menos grave que o derretimento parcial do núcleo do reator de Three Mile Island, nos EUA, em 1979, classificado como de grau 5. Tomando por verdade absoluta os parcos informes oficiais da Tokyo Electric Power Company (Tepco), responsável por Fukushima, retransmitidos pelo governo japonês e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), tacharam de alarmismo as considerações em contrário. Acidente como o de Chernobyl (grau 7), garantiam, só mesmo na União Soviética.
Mais uma vez, infelizmente, não era assim. A situação era mais grave do que se queria fazer acreditar, como começou a ficar claro após a explosão do edifício do rea-tor 1, na tarde do sábado 12 de março. Era a demonstração clara de que a situação escapava do controle. O bombeamento tinha falhado a ponto de expor o núcleo do reator, normalmente mergulhado n'água, permitindo que alcançasse mais de mil graus Celsius. A essa temperatura, o vapor d'água se decompõe em oxigênio e hidrogênio, uma mistura que se torna explosiva ao atingir concentração suficiente. Na manhã do dia 13, o mesmo aconteceu no reator 3. Na manhã do dia 15, foi a vez do reator 2.
Os reatores 4, 5 e 6, desligados há meses para manutenção, mal tinham sido mencionados nos primeiros dias e nunca como um risco, mas nessa manhã o topo do reator 4 também explodiu. Falhou a refrigeração do combustível nuclear descartado, possivelmente devido às explosões anteriores. O tanque no andar superior, na qual astes cheias de pelotas de urânio eram mantidas para esfriar gradualmente antes de serem conduzidas a depósitos de lixo nuclear, deve ter secado, ferveu e se incendiou.
A notícia enfureceu o primeiro-ministro Naoto Kan, que irrompeu nos escritórios dos executivos da Tepco ainda na manhã do dia 15: "Que diabos está acontecendo? A tevê divulgou a explosão, mas nada foi dito ao gabinete do primeiro-ministro por uma hora! São só vocês (para lidar com o problema). Recuar simplesmente não é uma opção. Estejam prontos para o que der e vier. Se caírem fora, será o fim da Tepco, ponto final". Segundo testemunhas, os gritos de Kan podiam ser ouvidos do lado de fora da sala de reunião.
O problema, é claro, é que não era aos executivos da Tepco - que arriscam, no máximo, o emprego - e sim a seus empregados que cabia a tarefa potencialmente suicida de insistir na tentativa de domar o dragão.
Impossibilitados de restaurar o bombeamento normal com água destilada, restou improvisar, jogando água do mar para resfriar o reator (misturada com ácido bórico, que absorve nêutrons e modera a reação nuclear). É uma medida desesperada, nunca antes tentada: além de inutilizar o reator - a essa altura a menor das preocupações -, é perigosa porque, ao contrário da água pura, os sais e as impurezas do mar se tornam radioativos.
A situação do reator 4 tornou-se a mais perigosa, pois a radiação altíssima impede a aproximação de trabalhadores e o derretimento de combustível nuclear usado ameaça formar massa crítica para uma reação em cadeia sustentada - o chamado "acidente de criticalidade" - e liberar a radiação diretamente na atmosfera.
Não chega a ser uma bomba atômica, que exigiria urânio enriquecido a pelo menos 80%, quando o combustível de centrais elétricas não passa de 5%, mas isso não aconteceu nem em Chernobyl. Fora acidentes em procedimentos experimentais, o único precedente foi o desastre de 1999 em Tokaimura, quando técnicos inexperientes prepararam uma carga para o reator de pesquisa de Joyo (a 20 quilômetros do rea-tor industrial de Tokai). Sob pressão para terminar o serviço rapidamente e sem entender o significado de massa crítica, juntaram num só tanque de precipitação sete baldes de urânio enriquecido - 16,6 quilos, ou sete vezes o limite permitido. Foram 27 os contaminados por radiação, dois dos quais morreram em meses. Em Fukushima, a quantidade pode ser muito maior.
Depois da explosão no reator 4, a radiação superou os limites legalmente toleráveis e a maioria dos 850 trabalhadores da usina foi retirada, permanecendo apenas uma pequena equipe - "os 50 heróis de Fukushima" para os jornais, embora sejam 180, trabalhando em turnos de 50 a 70. O derretimento parcial do núcleo parece ter acontecido nos reatores 1, 2 e 3 e, neste último, fogo e explosões sugerem que a carapaça de aço que protege o núcleo deve ter-se rachado. Além do reator 4, também os reatores 5 e 6 estão se aquecendo acima do normal. Para resfriá-los, tentou-se lançar água com ácido bórico de helicópteros ou com canhões d'água de repressão de manifestações, ideias antes descartadas pelo alto risco para os operadores, mas com poucos resultados. Cerca de 77 mil moradores foram removidos de um raio de 20 quilômetros. Os EUA acham pouco e ordenaram a seus cidadãos e militares afastarem-se 80 quilômetros - inclusive, por ironia, o porta-aviões nuclear Ronald Reagan, carregado de armas atômicas. A Espanha recomendou 120 quilômetros.
Não se via situação tão trágica desde Chernobyl, em 1986, quando dezenas de engenheiros, operários e bombeiros morreram de envenenamento radioativo em dias ou semanas (e milhares de moradores a médio e longo prazo, principalmente por câncer de tireoide). Os japoneses estão mais treinados e protegidos, mas o traje especial só pode proteger o usuário da inalação de partículas radioativas. É inútil contra a radiação gama no ambiente.
Chernobyl tinha quatro reatores que geravam 4 mil megawatts e apenas um sofreu derretimento do núcleo. Os outros três permaneceram intactos e, apesar da continuação radioativa, continuaram a operar por muitos anos. Só em 1999, oito anos depois do fim da URSS, o governo da Ucrânia desativou de vez a usina. Em Fukushima 1, estão em perigo todos os seis reatores, que somam mais de 6 mil megawatts.
Por outro lado, os reatores de Fukushima 1, apesar de contemporâneos de Chernobyl (foram inaugurados em 1971-1979 e os soviéticos eram de 1977-1983), têm um projeto mais seguro. Além de menos sujeito a falha humana, o núcleo do reator tem blindagem de aço de 15 centímetros, inexistente em Chernobyl, e a reação é controlada com barras de metal (háfnio), menos inflamáveis que as de grafite usadas no reator ucraniano. Teoricamente, o derretimento do núcleo seria contido no subsolo para produzir apenas contaminação local, a menos que explodisse em contato com água subterrânea.
Mas os fatos mostram que a blindagem não é tão indestrutível o quanto se pensava, sem mencionar a possibilidade totalmente imprevista de um acidente de criticalidade nos reatores desativados. A avaliação da gravidade passou a ser de grau 6, com real possibilidade de chegar ao grau 7.
Mesmo na pior hipótese, o desastre não afetaria outros países além do Japão (os ventos sopram para o Pacífico e a distância até a América do Norte é tão grande quanto desta a Chernobyl) e é improvável que lance isótopos radioativos a altitude tão grande por tanto tempo e contamine uma área tão vasta quanto em 1986, mas isso pouco serve de consolo para a região de Fukushima, de densidade demográfica mais alta que a das regiões afetadas na Ucrânia e vizinhos há 25 anos. Pode ser preciso tratar e remover mais pessoas: no raio de 80 quilômetros do reator, vivem 1,9 milhão.
Ao contrário de Chernobyl, não foi falha humana, houve quem dissesse. Mas isso é discutível. A causa imediata foi o tsunami, mas a falha em preparar a usina para esse tipo de evento em um país sabidamente sujeito a fortes terremotos é ou não falha humana? O governo japonês ainda não decidiu se o terremoto foi ou não suficientemente "excepcional" para isentar a Tepco de responsabilidade legal pelas consequências. A disciplina do povo e dos trabalhadores japoneses ante a catástrofe têm sido, de fato, admiráveis, mas seus executi-vos não se mostram menos gananciosos e relapsos que os de outros países.
Como se admitiu, os reatores de Fukushima haviam sido projetados para um terremoto de até 7 graus na escala Richter (ante 6,5 em Angra dos Reis, onde o risco sísmico é muitíssimo menor). Inspetores de segurança da Comissão de Energia Atômica dos EUA advertiram, desde 1972, que os reatores da General Electric, modelo sem grandes domos de contenção usado em Fukushima, eram mais vulneráveis à explosão e à libertação de radiação em caso de derretimento. Em 2002, após denúncia de um funcionário da GE, a Tepco admitiu ter falsificado relatórios e escondido problemas como fissuras nas estruturas dos reatores por dez anos. Cerca de 35 executivos e técnicos foram demitidos e os reatores parados por meses para inspeção detalhada. E, em 2007, um mero sismo de grau 6,8 incendiou sua maior central, Kashiwazaki-Kariwa, obrigando empresa e governo a admitir que haviam subestimado os riscos de terremotos para as usinas.
Segundo o especialista russo Iouli Andreev, assessor do governo austríaco que participou das operações de limpeza em Chernobyl, a densa acumulação de descarte nuclear junto ao reator é imperdoável: "Os japoneses aproveitaram cada centímetro quadrado de espaço por ganância. Quando se tem um acúmulo tão denso de combustível usado, há uma grande probabilidade de incêndio se a água se esgota". Mas o problema não é só o Japão: "A IAEA é uma fraude, nenhuma organização que depende da indústria nuclear pode funcionar adequadamente. Ela sempre tenta esconder a realidade".
"Comparando o risco de acidentes nucleares com os de outras fontes de energia", relatório da OCDE de 2010 garante que, nos países da organização, o risco de um acidente nuclear com dez vítimas seria de uma vez a cada 40 mil anos por central e um com cerca de 2 mil vítimas, uma vez a cada milhão de anos. Tudo isso se compararia favoravelmente a acidentes de trabalho em usinas convencionais, que, embora geralmente pequenos, são frequentes o suficiente para causar 300 fatalidades por ano nos países desenvolvidos e 2,5 mil em todo o mundo. Mas o impossível teima em acontecer e ser pior do que se espera.
Em consequência, o mundo inteiro revê a opção nuclear, tida nos últimos anos como aliada no combate ao aquecimento global. China e Brasil suspenderam os novos projetos, apesar de manterem as construções em curso (no caso brasileiro, só Angra 3, prevista para 2015). A Alemanha paralisou por três meses a operação dos sete mais antigos dos 17 reatores do país, um terço de sua capacidade nuclear. O fim da energia nuclear é improvável, mas novas normas de segurança aumentarão seu custo, que já subiu de mil dólares por quilowatt, em 1971, para 5 mil, nos anos 90. E substituí-la por gás ou petróleo pressionará a demanda e os preços de um produto já escasso, além de agravar a emissão de dióxido de carbono. Pesquisar fontes alternativas de energia tornou-se ainda mais urgente.
Antonio Luiz M. C. Costa
Antonio Luiz M.C.Costa é editor de internacional de CartaCapital e também escreve sobre ciência e ficção científica.


http://www.visaoportal.com.br/atualidades/471

BNDES financia a insegurança nuclear

Pare Angra III

Um país em choque - Consequências do desastre natural e da imprevidência humana se farão sentir por muitos anos no Japão

 



. Por Antonio Luiz M. C. Costa
Duas semanas depois, começa a ficar mais clara a verdadeira dimensão da catástrofe que continua a abalar o Japão e o mundo, embora não chegue a justificar o terror apocalíptico que a mídia mais sensacionalista procura alimentar e explorar.
Foi sugerido, inclusive em programas de televisão de grande audiência, que um desastre como o de Fukushima pode repetir Chernobyl, que produziu centenas de vezes mais radiação que a bomba atômica de Hiroshima. É preciso esclarecer: isso é tecnicamente verdade, mas não significa que o acidente na usina ucraniana tenha sido pior que uma arma nuclear.
Chernobyl espalhou (segundo estimativas da AIEA) cerca de 400 vezes mais radiação que o Little Boy de 1945. Mas, pelo mesmo critério, a radiação absorvida por toda a população da Europa de fontes naturais é equivalente a seis Chernobyls por ano. Evidentemente, isso não significa que o continente sofra o equivalente a um bombardeio anual por mais de 2 mil bombas atômicas. Essa radioatividade natural é aceita como inofensiva, por ser difusa e permanente. A radiação de Chernobyl foi e é mais perigosa, por ser mais concentrada no tempo e no espaço, mas ainda assim não se compara com a concentração muitíssimo maior de uma bomba.
Nos primeiros dias de uma explosão nuclear, a radiação é centenas de vezes mais intensa que a de um acidente numa usina, para depois declinar para níveis comparáveis ou mais baixos. Dos 350 mil habitantes de Hiroshima, cerca de 160 mil morreram da explosão de 6 de agosto até o fim do ano de 1945 – 70 mil imediatamente, 60 mil de queimaduras e traumas e 30 mil de puro envenenamento radioativo – e mais 40 mil nos cinco anos seguintes. Estima-se que, além disso, mil morreram de câncer a longo prazo.
Em Chernobyl morreram algumas dezenas de pessoas nas primeiras semanas do acidente e algumas centenas até 1998. Estima-se que a radioatividade ambiental provocará quatro mil mortes adicionais (principalmente por câncer de tiroide) no longo prazo entre os 600 mil habitantes da região afetada.
A usina de Chernobyl tinha quatro reatores, um dos quais sofreu derretimento do núcleo. Os outros três continuaram a operar, mesmo depois que a população foi evacuada. Havia escassez de eletricidade na região e, apesar de os níveis de radiação serem insalubres, as autoridades decidiram manter a usina em funcionamento. Só foi definitivamente fechada em 1999, 13 anos depois do acidente e 8 depois do fim da União Soviética. Não se compara a Hiroshima, onde 69% da cidade foi arrasada e 7% seriamente danificada.
Isso também não significa, bem entendido, que a crise nuclear em Fukushima possa ser banalizada, embora o escritor e ambientalista George Monbiot tenha chegado, no Guardian, a escrever que ela é um bom argumento em favor do uso da energia nuclear, visto que após a combinação de um terremoto e tsunami gigantescos (a onda chegou a 23 metros, 14 ao impactar a usina) com um legado de projetos deficientes e gambiarras para reduzir custos, não houve nenhuma morte por radiação “até onde sabemos”.
Todos morrem mais cedo ou mais tarde, 20% a 30% por câncer (nos países ricos), mas não se pode dar de ombros ao risco de milhares de mortes desnecessariamente precoces e ao risco de morte por envenenamento radioativo a que estão expostos os cerca de 180 trabalhadores que permanecem na usina, tentando amenizar a catástrofe.
A contaminação radioativa na água de Tóquio, a 240 quilômetros de distância, bastou para o governo recomendar aos pais não a darem a bebês de menos de 1 ano. Leite, água e verduras a até 120 quilômetros de Fukushima mostram índices de radiação acima do normalmente tolerado. Também foi encontrado iodo radioativo na água do mar, ameaçando a indústria da pesca.
Os Estados Unidos e Hong Kong proibiram a importação de certos alimentos de várias províncias do Japão e 25 países retiraram suas embaixadas de Tóquio. Parte do território japonês pode se tornar imprópria para a agricultura e evitada para residência e turismo por muitos anos, desorganizando a vida de dezenas de milhares – talvez mais de 1 milhão de habitantes, se considerada a zona de exclusão de 80 quilômetros recomendada pelos EUA a seus militares e cidadãos no Japão, o quádruplo do indicado por Tóquio.
As usinas nucleares têm-se mostrado sistematicamente mais caras e menos duráveis na prática do que deveriam ser no papel e inviáveis sem subsídio estatal. Segundo um estudo de 2008 do Keystone Center, a energia que produzem tem custado 30 centavos de dólar por quilowatt-hora nos primeiros 13 anos e 18 no resto da vida útil, enquanto a maioria das fontes convencionais (inclusive hidroelétrica e eólica) custa menos de 10.
A vida útil estimada dos reatores sempre foi de 40 a 60 anos, mas, na prática, segundo Emico Okuno, do Departamento de Física Nuclear da USP, tem sido de 13,9 anos nos EUA, 13,8 na Alemanha e 19,6 na França, por razões econômicas ou acidentes menores que tornaram sua operação arriscada. A desmontagem de reatores é tão cara quanto sua construção. E isso sem falar nas perdas impostas ao Estado e a outros setores da economia por um acidente grave. Nem no custo de novas medidas para tornar um acidente menos provável, quando as normas existentes continuam a ser burladas.
A Tepco, operadora de Fukushima, teve de admitir a reincidência em negligência grave, razão pela qual tinha sido obrigada, em 2002, a paralisar suas usinas nucleares para revisão e demitir 35 executivos e técnicos. Há muito mais hastes de combustível usadas nos tanques de armazenamento do que tinham sido projetados para conter. Para tentar preservar os reatores, a empresa recusou a ajuda dos Estados Unidos e adiou por dias a decisão de resfriar os reatores danificados com água salgada (o que os inutiliza definitivamente), agravando o problema. A empresa também reconheceu que deixou de realizar inspeções obrigatórias de várias partes do equipamento, inclusive bombas de emergência, por causa da pressão da direção para cortar custos.
Por tudo isso, Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha, depois de suspender o funcionamento de 7 das 17 usinas do país, declarou no dia 23 que Fukushima mostra que “é melhor abandonar a energia nuclear tão rápido quanto seja possível”. Se não por convicção, terá sido pela necessidade de responder ao discurso dos Verdes, que saltaram de 3% para 7% nas eleições do dia 20 na Saxônia-Anhalt, estado tradicionalmente indiferente a questões ambientais, e de 5% para 25% das intenções de voto para as eleições em Baden-Württemberg, outro tradicional bastião conservador, dia 27.
A usina de Fukushima não estava inteiramente segurada e o custo do desastre, tanto para a Tepco quanto para as pessoas afetadas, deve acabar na conta do governo. Podem ser mais 15 bilhões a 35 bilhões de dólares a somar ao custo da reconstrução do país, cuja primeira estimativa oficial é de 185 bilhões a 308 bilhões de dólares e que, segundo o Banco Mundial, deve demandar cinco anos.
A eficiência japonesa mostrou ter limites. A busca de eficiência, inclusive no uso de espaço, mostrou-se contraproducente ao deixar equipamentos vitais em locais vulneráveis à inundação e acumular perigosamente material radioativo. A especialização e o sistema de produção just-in-time, com estoques baixos, significaram a paralisação quase imediata de linhas de produção em todo o país e também em fábricas japonesas no exterior, visto que mesmo as unidades não afetadas dependiam de fabricantes em áreas expostas ao terremoto, que foram danificadas ou ficaram sem água e energia.
A própria região de Tóquio, coração da economia japonesa, está sujeita a blecautes em rodízio de três horas diárias, além de apagões inesperados. A incerteza no fornecimento mantém muitas indústrias paradas ou em ritmo baixo e forçou hotéis a fechar ou limitar seus serviços. Segundo a Tepco, essa situação deve durar ao menos um ano.
Os itens mais críticos são componentes eletrônicos de alto valor agregado, muitos dos quais produzidos apenas no Japão, que respondia por 57% das bolachas de silício e 20% dos semicondutores do mundo. Embora pesem pouco no custo final, tornaram-se indispensáveis a automóveis, eletrodomésticos, celulares e eletrônicos modernos, japoneses ou não. Não só a Toyota parou toda a produção no Japão e poderá ter de suspendê-la também nos EUA, como a GM foi forçada a parar fábricas na Louisiana e Espanha e reduzir drasticamente seu ritmo na Alemanha e outras partes.
Cresce o descontentamento dos cidadãos com a lentidão do retorno dos serviços básicos de comunicação, transportes, energia e água, e a burocracia estatal herdada de décadas de hegemonia do Partido Liberal-Democrata faz corpo mole para colaborar com o atual governo, do Partido Democrático.
O número oficial de mortos e desaparecidos na quinta 24 chegava a 27,4 mil e tudo indica que ainda vai crescer muito. Socorro, remédios e alimentos custam a chegar a locais isolados. Muitos sobreviventes do terremoto morrem nos hospitais por falta de medicamentos e calefação. Casos de roubo e violência, ainda raros, começam a ser registrados. O governo começa a preocupar-se também com o número de órfãos. As sequelas psicológicas, econômicas e políticas do trauma durarão ainda muitos anos. •
  • Como diz o ditado “O método mais caro e perigoso jamais inventado para ferver água”.
    Outra questão é político-militar, já que a energia nuclear é indefensável do ponto de vista técnico,
    financeiro, e de saúde pública, só sobra a explicação bélica.Todos os países que possuem usinas nucleares, sem exceção, mesmo assinando tratado de não-proliferação,na verdade o fazem de olho no refugo destas usinas que se presta para a fabricação de armas.A geração de energia elétrica não passa de uma fachada para o público, e uma mina de ouro para empreiteiros e concesionárias de energia (que só conseguem operar estes monstros com um monte de subsídios estatais). Somente os franceses são loucos o bastante para basear toda a sua geração de energia elétrica neste método (90%)!
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/internacional/um-pais-em-choque-2

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Brasil ainda não tem solução definitiva para o lixo radioativo de Angra 1 e 2

"Material é armazenado de forma temporária no complexo nuclear.

Passados 26 anos que o Brasil produz energia nuclear, a solução definitiva sobre o que fazer com o lixo radioativo gerado pelas usinas de Angra 1 e 2 ainda esbarra em decisões políticas para se tornar realidade. Embora o país já disponha de tecnologia para construir um depósito definitivo para os resíduos, todo o material gerado no complexo nuclear desde o início das operações das usinas, em 1986, está armazenado de forma temporária.

Com o início das operações de Angra 3 previsto para dezembro de 2015 e a capacidade dos depósitos de Angra 1 e 2 perto do limite, o governo brasileiro terá que alcançar uma solução nos próximos anos. O projeto para a construção de um depósito final também esbarra em uma questão polêmica: a escolha do local que receberá os materiais radioativos, um vizinho considerado indesejado.

Desde que Angra 1 e 2 entraram em operação, já existem 2.777 m³ de lixo radioativo (sem considerar as varetas de urânio), quantidade suficiente para encher pouco mais de uma piscina olímpica. Esses resíduos estão guardados, de forma provisória, em um depósito que fica próximo ao complexo nuclear.
Entre os resíduos considerados perigosos, estão peças, ferramentas e roupas que tiveram contato com a radiação, considerados de média e de baixa radioatividade. O lixo radioativo pode emitir radiação por milhares de anos e, se guardado de forma irregular, pode causar um desastre como o que aconteceu em Goiânia, com o Césio-137, que provocou a morte de 60 pessoas.
À época, em 1987, catadores de lixo desmontaram equipamentos que continham material radioativo e que haviam sido abandonados por uma clínica de saúde desativada. Segundo a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia responsável por licenciar e fiscalizar as operações das usinas, esse material está armazenado de forma segura no único depósito definitivo para lixo radioativo que existe no Brasil, localizado na cidade Abadia de Goiás, na região metropolitana de Goiânia.
Tambores concretados em piscina

De acordo com o diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN, Laércio Antônio Vinhas, a elaboração do projeto que dará destino final ao lixo radioativo é “uma das prioridades da comissão”.

A tecnologia nós já temos. O projeto de Goiânia é mais simples, mas a concepção é a mesma.

Ele explica que entre o material radioativo e o ambiente deve haver até oito barreiras físicas. O lixo será armazenado em tambores, que são concretados e vão para uma espécie de piscina vazia que é completada com mais concreto. Depois disso, esse tanque será fechado com uma laje e, em cima de tudo isso, ainda haverá mais uma cobertura de concreto e de terra.

Para Vinhas, uma das alternativas para resolver o impasse sobre o local onde esse depósito deve ser construído é a criação de uma espécie de “royalty inverso”, sistema em que os municípios receberiam dinheiro não pela extração de um recurso mineral, mas para guardar o lixo radioativo.

Não é um problema técnico, mas sim político. Na Coreia, por exemplo, o governo abre uma concorrência invertida. As cidades disputam para receber o depósito por conta das compensações financeiras.

Outro tipo de resíduo produzido nas usinas é o combustível que fica no interior das varetas de urânio. Quando chega ao fim, elas são armazenadas em um tanque coberto com água (a água funciona como barreira que evita emissão de radiação).

Segundo a Eletronuclear, as piscinas têm vida útil até 2020. Depois disso, será preciso dar um novo fim para esse combustível. Em outros países que usam energia nuclear, o urânio é reprocessado e reutilizado, como explica o coordenador de Comunicação e Segurança da Eletronuclear, José Manuel Diaz Francisco.

O urânio pode ser reprocessado para um novo ciclo de uso, mas o Brasil ainda não reprocessa. Essa é uma decisão que cabe ao governo brasileiro.
Passivo ambiental

O professor de engenharia nuclear da Coppe - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da UFRJ e PhD em energia nuclear no Massachusetts Institute of Technology, Antonio Carlos Marques Alvim, diz que já existe tecnologia para armazenar com segurança material radioativo sem uso.

Uma das críticas em relação à energia nuclear era sobre o destino dos rejeitos [resíduos], mas hoje já há estudos para melhorar os reservatórios e para a transmutação dos rejeitos, ou seja, para diminuir seu tempo de vida e causar menos impacto para o ambiente.
Sem entrar na discussão sobre como garantir a segurança no armazenamento desses materiais, o coordenador da campanha de energias renováveis da ONG Greenpeace, Ricardo Baitelo, chama a atenção para uma questão de difícil solução e que ainda representa um enorme desafio não apenas para o Brasil, mas para todos os países que usam energia nuclear.

Para ele, o mais grave problema envolvendo a questão são "os passivos nucleares que serão passados de geração para geração, a perder de vista".

Esse combustível terá de ser estocado por muitos anos. A gente não está falando só de centenas de anos, mas de milhares de anos. Como é que se sabe se existe uma estrutura capaz de manter isso seguro e imune à qualquer acidente? Não só a terremotos como o do Japão, mas à mudança na elevação do nível do mar, considerando as mudanças climáticas que ocorrerão ao longo dos anos?"

FONTE: 

Goianos se mobilizam contra construção de depósito nacional de lixo radioativo


"A notícia de que o governo federal quer construir um depósito nacional de lixo radioativo em Goiás preocupa a população goiana. Com a construção o estado receberia todo lixo radioativo do país, inclusive tudo que é produzido pela usina nuclear de Angra I e II no Rio de Janeiro. O Brasil se prepara para construir Angra III, mas sem depósito para o lixo atômico.

Goiás possui um depósito para lixo radioativo construído em 1987 quando ocorreu o acidente com o Césio 137 em Goiânia. O depósito foi erguido na reserva ambiental do Parque Estadual Telma Ortegal, no município de Abadia de Goiás, 10 km ao sudoeste da Capital. No local estão 14 contêineres enterrados, protegidos por camadas de concreto com espessura de 25 cm. Dentro deles estão 4.100 tambores cheios de materiais contaminados pelo Césio 137.

É bom lembrar que quando ocorreu o acidente em Goiânia surgiu a possibilidade de construção de um depósito na Serra do Cachimbo ao sul do estado do Pará – a população paraense e de outros estados se manifestou contrário, inclusive políticos de várias unidades da federação. Eles têm razão – cada estado tem de cuidar de seu próprio lixo, principalmente, o radioativo.
Os goianos se mobilizam contra a transferência de qualquer material radioativo para território goiano. A primeira manifestação foi realizada neste sábado (21), pelas vítimas do Césio 137. São famílias inteiras que sentem na pele os efeitos físico e social da radiação. Muitos já morreram e outros ainda brigam na justiça para conseguirem pensão dos governos federal e estadual. Os que estão assistidos reclamam da falta de atenção do poder público – houve época em que faltaram até medicamentos.

A radioatividade do Césio 137 tem duração de aproximadamente 300 anos. Goiás é o único estado com depósito para lixo atômico. O desastre radioativo de Goiânia foi o segundo maior do mundo. O depósito de Abadia é monitorado periodicamente pela Comissão Nacional de Energia Nucelar (CNEM). As autoridades brasileiras têm de ter a consciência de que a produção de energia nuclear tem um preço muito alto. Recentemente tivemos um triste exemplo: fukushima no Japão – seria bom que todos investissem em pesquisas para ampliar o leque de produção de energia limpa. O planta agradece, o Brasil agradece e os goianos também."

FONTE: